Uma estadia na França, mais do que uma experiência linguística, uma abertura pessoal valorizada no mercado do trabalho
Bruno Ikeuti, embaixador France Alumni Brasil, foi para a França estudar na Sorbonne. Agora, ele atua com políticas públicas, é coordenador de gabinete da Câmara de São Paulo. Descubra como uma estadia na França pode ser mais do que uma experiência linguística para valorizar seu currículo!
Fotografia pessoal, Bruno Ikeuti
Considero que uma das maiores preocupações para aqueles que realizam um intercâmbio no exterior é o retorno ao mercado de trabalho no Brasil. É inegável que, de forma geral, o intercâmbio será útil na vida profissional, embora cada experiência traga suas particularidades. No meu caso, a escolha da França veio muito mais pela oportunidade de realizar o sonho de estudar na Sorbonne do que pensar nos próximos passos profissionais. Eu fiz o intercâmbio em História enquanto ainda era aluno de administração no Brasil. Portanto, "vender" essa experiência nos processos seletivos foi algo mais sutil do que se eu tivesse ido para uma escola de negócios.
De acordo com o jornal O Estadão, saber um segundo idioma pode aumentar o salário em 40% a 70% em algumas vagas¹, mas este não é o único benefício profissional de quem vive essa experiência. A língua será uma competência óbvia a ser desenvolvida no exterior e, além do francês - idioma oficial em cerca de 30 países - será bastante viável aprimorar o inglês e o espanhol, o que proporciona uma vantagem ainda maior no currículo.
¹https://www.estadao.com.br/educacao/aprender-um-novo-idioma-pode-aumentar-seu-salario-saiba-quanto/
Enquanto algumas habilidades técnicas, como conhecimentos em programação, análise de dados, ferramentas de marketing, softwares como Excel ou Photoshop, funcionam quase como uma lista de verificação no currículo, as habilidades interpessoais, geralmente avaliadas em breves dinâmicas, são muito mais difíceis de comprovar. Elas podem gerar grandes dúvidas se a pessoa tem aderência ao estilo de trabalho da empresa e dos colegas. Essas competências têm um grande impacto nos relacionamentos e na dinâmica de trabalho de todos na equipe e, por isso, são tão importantes.
Flexibilidade, empatia, respeito e adaptabilidade a diferentes formas de pensamento são competências essenciais para quem deseja ingressar em empresas de grande porte ou multinacionais, e o intercâmbio traz fortes indícios de que a pessoa possui esses atributos. Neste sentido, a França oferece diversas vantagens que podem ser exploradas pelos candidatos em processos seletivos. É um país que abraça diversas culturas, além daquelas dos países próximos no próprio continente europeu, o que pode ser visto nas ruas, nas artes e em quaisquer interações sociais.
No meu caso, após o intercâmbio, ingressei na área de Diversidade do Banco Itaú, uma instituição presente na maioria das cidades do Brasil e em 21 países, e posteriormente fui para o Google, outra empresa com presença global onde o contato com pessoas de diferentes culturas e trajetórias era quase diário. Tenho certeza de que o intercâmbio foi essencial para me destacar e demonstrar que eu teria um bom "fit" cultural para as vagas.
Hoje, atuo na área de política institucional, onde a habilidade de me adaptar e lidar com diversas perspectivas é crucial. Conciliar interesses e encontrar pontos comuns entre diferentes grupos é uma competência que a experiência na França me proporcionou e que aplico na construção da minha carreira. O intercâmbio não apenas criou memórias marcantes que permanecerão comigo para sempre, mas também enriqueceu meu repertório de políticas públicas, proporcionando experiências que busco adaptar ao contexto brasileiro. Além disso, desenvolveu competências interpessoais essenciais que contribuem de maneira significativa para a construção do meu futuro profissional.
Bruno Ikeuti
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